"Washington manipula os protestos no Brasil" denuncia jornalista norte-americano



Cinquenta anos depois do golpe apoiado pelos EUA, Washington continua a interferir na política interna do Brasil.

Por Redação - em São Paulo 

Jan Knippers Preto, professor no instituto de Estudos Internacionais Middlebury, em Monterey, Califórnia escreveu um artigo publicado em um jornal norte-americano sobre a onda de protestos pedindo o impeachment da presidente Dilma, segundo ele os exforços para ver a presidente Dilma e o PT fora do governo são incansáveis.
Em outro artigo, publicado em Fevereiro pelo Portal, outro jornalista faz a mesma denuncia, com explicações mais densas, já relacionada ao Pré-Sal e ao BRICS (Leia aqui)

Leia o artigo, traduzido pelo Portal Metrópole:

Os esforços de Washington de longo prazo no Brasil e em outros países para minar movimentos que brotam de aspirações da classe popular são incalculáveis. A mudança da relação entre os Estados Unidos e no Brasil ao longo do último par de décadas responde em grande parte, às mudanças no jogo de poder global e à forma como cada um dos países tem jogado o jogo.
O Brasil, em particular, após um período curto de instabilidade, recuperou para o seu padrão de crescimento econômico robusto fundamentado em pesquisa sofisticada e desenvolvimento, produtos diversificados e parceiros comerciais. Os programas domésticos redistributivos, como o Bolsa Família Partido dos Trabalhadores, e os salários mínimos mais elevados permitiram ao governo estreitar diferença de renda do país. Enquanto isso, os Estados Unidos afundam profundamente sua dívida com a China, e a diferença da renda doméstica continua a crescer. Somente um por cento está prosperando.
Atualmente amparada pela liderança civil socialmente responsável e as habilidades diplomáticas lendárias do Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores, o Brasil pretende ser levado em conta em questões de importação global. Além disso, o seu alcance colaborativo serviu para fortalecer a auto-confiança nacional no resto da América Latina.
Isso quer dizer que os Estados Unidos poderá agora tratar Brasil, e a América Latina em geral, com respeito, como bons vizinhos em vez de clientes subservientes e potencialmente subversivos? Aparentemente não.
A emergência do Brasil no século 21 como uma potência econômica e um jogador importante na diplomacia internacional não impediu os Estados Unidos de manipulação política rotina e espionagem. Há muitos motivos para bisbilhotar a condução de negócios entre o Brasil e seus vizinhos sul-americanos, bem como entre o Brasil e outros parceiros comerciais, incluindo China e Irã. Para os Estados Unidos, os resultados de tais esforços têm sido mistos, mas a recente definição de um nível inteligência dos mais altos ao governo brasileiro despertou indignação.
O golpe de misericórdia para qualquer pretensão de diplomacia amigável por parte dos Estados Unidos veio com uma nova chuva de documentos sigilosos vazados em 2013 por Edward Snowden e veiculados na imprensa. A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ficou furiosa que o governo dos Estados Unidos tinha gravado suas conversas mais íntimas; mas ela foi particularmente perturbada que estes serviços também tiveram como alvo a Petrobras, empresa estatal de energia de propriedade majoritária.

A ESTRATÉGIA 

A estratégia de Washington é, em linhas gerais, unir e reforçar continuamente a direita, dividir e enfraquecer a esquerda, e assustar a classe média.
Algumas operações para provocar uma mudança de regime ou manipular os resultados eleitorais, anteriormente realizadas pela CIA, agora são realizados quase abertamente através da National Endowment for Democracy (NED) e suas duas organizações afiliadas.
Agentes de inteligência pertencentes aos órgãos do governo americano vão atuar em empresas privadas e inúmeras ONGs dentro do território nacional.

MOBILIZAÇÕES 

As mobilizações de classe média que tais agentes são capazes de gerar são muito reforçadas pelos meios de comunicação social.
Na sequência de uma investigação, o Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA, em abril passado pediu a Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) para revelar os registros sobre o programa secreto “Cuba Twitter”.
A eficácia deste esforço da CIA para provocar agitação social era incerto. No entanto, este mesmo ativismo on-line ajudou a organizar grandes protestos da classe média no Brasil em 2013, que provou ser prejudicial para a economia e para o governo do PT.
O dano foi agravado pela brutalidade policial empregada na “intervenção da crise.” Militarizada sob a ditadura, a polícia brasileira continua a compartilhar a ideologia, a impunidade e modus operandi das forças armadas.
Como em 1964, quando o governo federal do Brasil foi contido pela constituição de interferir nos assuntos do Estado, tais como operações policiais, os Estados Unidos assumiram a tarefa de formação da polícia brasileira, desta vez supostamente para lidar com a Copa do Mundo.
Conforme relatado por Elizabeth Leeds, 22 oficiais militares e policiais federais brasileiros foram submetidos a treinamento militar e paramilitar em março de 2014, financiada pelo Departamento de Defesa dos EUA, com sede na Carolina do Norte. Enquanto isso, no Brasil, 800 policiais de nove estados receberam treinamento do FBI.
Choque e pavor de moderno, não obstante, poder de polícia, são as inovações mais importantes no jogo de poder global que derivam de uma concentração cada vez maior da riqueza.