MENSAGEM PARA
UM JOVEM QUALQUER.
Você quer
melhorar sua vida e melhorar o seu país? Eu lhe dou a receita:
Anos sessenta. Quando eu tinha 23 anos de
idade, eu era balconista em uma loja de tecidos na cidade que nasci. Trabalhava com um fardamento padronizado e uma
gravata no pescoço. Estudava no melhor colégio e frequentava o melhor clube da
cidade. Achei que precisava melhorar de
vida e fui para São Paulo. No segundo dia que eu estava lá, um ladrão entrou no
local onde eu fui morar e levou todo o pouco que eu tinha. Fiquei sem roupa,
sem sapato, sem dinheiro, sem emprego, sem parente, sem amigos e em um lugar
que não conhecia. Para não passar fome, fui a uma sorveteria pedir para vender
picolé pelas ruas, lá, o dono da sorveteria me disse que eu tinha de ter uma
caixa de isopor e dinheiro para pagar antes, o picolé que eu queria vender.
Explique-lhe a minha situação e a muito custo ele me emprestou uma caixa que já
estava furada e que eu tapei o furo com uma rolha de cortiça, e muito
desconfiado, deixou que retirasse sem pagar 50 picolés. Eu que trabalhava bem
vestido e com uma gravata no pescoço, passei a trabalhar com uma caixa de
isopor nas costas. Continuei vendendo, com o meu lucro eu comprava um filão de
pão e uma palma de bananas, esse foi o meu alimento todos os dias, durante três
meses, até arrumar o meu primeiro emprego. Era anos sessenta período de muitas
passeatas, protestos e agitações. Eu nunca participei de nenhuma delas, não
tinha tempo para isso. Nunca desafiei a polícia, não fui preso, não apanhei,
não bati e nem feri ninguém. Sempre achei que essas coisas não consertam nada. Assim que tive oportunidade matriculei-me no
Senai. Fiz ajustagem mecânica, controle de qualidade e metrologia. Tornei-me
profissional e fui trabalhar em uma metalúrgica. Já um pouco melhor de vida,
casei, comprei um terreno, trabalhava à noite na fábrica, e, de dia ia para o
meu terreno construir uma casa para morar. Vieram filhos, a minha casa não
estava terminada ainda, mas eu já estava melhor de vida e imaginei que podia
fazer alguma coisa para melhorar a vida de outras pessoas mais pobres do que
eu. Comecei a trabalhar como voluntário na pastoral da família em uma igreja
católica do meu bairro. Visitei muitos barracos e encontrava alguns deles
cobertos com pedaços de latas, pedaços de plásticos e até papelão. Muitas vezes
tirei dinheiro do meu bolso, comprava telhas para cobrir alguns desses
barracos. Eu e a minha esposa fazíamos campanha na vizinhança, com os colegas
de trabalho e na comunidade para fazer sextas básicas para diminuir o
sofrimento dessas famílias. Fui também voluntário no CVV Centro de Valorização
da Vida (um serviço de prevenção ao suicídio). Sempre acreditei que para
melhorar a minha vida e as condições de vida do meu país, primeiro eu tinha que
estudar, trabalhar, melhorar a minha vida, deixar de ser um peso para sociedade
e, se possível, depois, com o meu trabalho, melhorar a vida dos outros também.
Após quase trinta anos que fui para São Paulo, retornei para a cidade que
nasci, no meu carro próprio, com dinheiro para comprar uma casa e fazer algum
negócio. Hoje eu tenho setenta anos, sou aposentado, a minha mulher também,
meus três filhos estão criados dois deles fizeram faculdade, uma não fez porque
casou antes do tempo. Meus filhos são trabalhadores, também querem melhorar o
país, mas não são baderneiros. Apesar dos meus setenta anos de vida, eu
continuo trabalhando e servindo ao meu país com o meu trabalho. Se outros são
corruptos, se roubam e, se são ladrão, eu não sou. Sei que no mundo sempre
existiu e continuará existindo, gente de toda qualidade. Eu procuro ser o
melhor que eu posso, e fazer o melhor que sei. É assim que eu procuro melhorar
o país. Sei que a minha vida não serve como receita para ninguém. Sei que nem a
vida de Jesus Cristo serviu; talvez porque ele não ensinou que para melhorar o
mundo se deveria: quebrar portas de bancos, incendiar ônibus, depredar
patrimônios públicos, e matar pessoas. O próprio ex-presidente Lula, que passou
31 dias preso, porque defendia melhores salários para os trabalhadores e essa
democracia que temos agora, tem muitos por ai, que se pudessem já o tinham colocado
em uma cruz como fizeram com Jesus Cristo. DESCULPE-ME, OS QUE PENSAM DIFERENTE
DE MIM, MAS EU IMAGINO QUE O PAÍS SÓ SERÁ MELHOR, SE TODOS NÓS FORMOS MELHORES,
E NÃO APENAS OS POLÍTICOS QUE AINDA NÃO APRENDEMOS A ESCOLHER. ACHO QUE EM UMA
DEMOCRACIA, A ÚNICA ARMA VÁLIDA PARA CONSERTAR, É O VOTO, E NÃO, UMA BOMBA
INCENDIÁRIA.
Egídio Timóteo
Correia.