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Vitória de Santo Antão, Pernambuco, Brazil
Sou metalúrgico aposentado,chaveiro autônomo, gosto de ler e escrever poesias. Visualizar meu perfil completo

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Sem medidas


Sem medidas.
    Existem medidas para muitas coisas. Os quilômetros servem para medir estradas. As milhas medem extensão dos mares. O litro serve  para medir líquidos. O quilo avalia o pesa das massas. Metro, polegada, libra, altímetro, termômetro, pluviômetro... São palavras que nos lembram dimensionamento. Homem, nenhum porém, consegue medir o infortúnio do próprio homem.
Como dimensionar a dor alheia?
Como metrificar a dor?
Como registrar a intensidade da angustia?
Como avaliar o vazio deixado em um coração que perdeu um ente querido?
Como ministrar remédio que cure a ferida do abandono?
Como codificar o sofrimento causado pelo desprezo ou o choque traumático sentido pela rejeição?
E o desalento de alguém que descobriu estar próximo o fim da sua própria vida?
Como medir sentimentos?
Ainda mais se lembrarmos que cada coração tem a sua própria razão. A sua própria medida. Cada amar, cada querer, cada sofrer, cada odiar foge ao controle de todas as regras idealizadas ou teorizadas pela aritmética de qualquer ciência.
No peito de cada ser há um segredo único. As verdades minhas, as verdades suas, as verdades dos outros são tão diferentes como são as nossas impressões digitais.
O desconforto íntimo não há como medir, não há como contar, não há como realmente entender.
O máximo talvez que se possa fazer é projetar-se num acompanhamento de almas, estreitando-se assim, ainda que momentâneo, uma divisão de mágoas.
Parece-nos porem que, acreditar no talvez, apostar no quem sabe, insuflar-se  no imensurável, é uma linha tênue de fé, mergulho profundo nos sentimentos desconhecidos de cada um de nós. E que pode valer à pena.
Egídio Timóteo Correia. (CVV)  SP -1982

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