O Grupo Escolar
José da Silva Filho, “O Polivalente” como é mais conhecido, final da Rua
Demócrito Calvacánti, antiga Rua Dos Canos, está localizado em parte do terreno
onde ficava o Sítio de Dona Maroca, “Sítio da Velha Maroca” era assim que
chamávamos.
É impressionante
como o tempo e o progresso modificam paisagens, redimensiona valores, repinta
espaços como se fosse um pintor alterando uma aquarela que perdeu o seu
significado. Entretanto, estas paisagens e
espaços permanecem na memória daqueles que aprenderam admirá-los e os retém
enquanto vivos fotografados nas páginas do coração.
O sítio da dona
Maroca era um excelente pomar, com muitas fruteiras, entre estas, um pé de
deliciosas mangas-rosa que ficava bem próximo ao caminho por onde passávamos de
duas a três vezes por semana para irmos treinar ou jogar no campo do Cedro.
O campo do Cedro ficava
à margem da estrada que vai para Localidade de Natuba, próximo à porteira Que
dá entrada para Estação Experimental Agrícula do Cedro. O Campo do Cedro era o
C.T. (campo de treinamento) do Palmeirinha. Lá também o Palmeirinha mandava os
seus jogos amistosos. Na verdade o campo não era muito bom; não havia grama,
era chão batido compactado pelos vigorosos pés dos atletas que ali faziam a sua
praça de grandiosos embates. As traves e o travessão eram de madeira, caíbos
quadrados. O travessão selava devido a ação do sol e da chuva diminuído a altura
da meta no meio.
Mas,
naturalmente ninguém se importava com aqueles pequenos detalhes. O importante é
que tínhamos campo para treinar e jogar. No arruado do Cedro moravam alguns
garotos “bons de bola” exemplo: Jorginho, Abel, Milton, Capitão, Jarbas e o
famoso Zezinho do Cedro ou “Zezinho Pé de Foice” todos jogavam no Palmeirinha.
O Palmeirinha
era comandado pelo Saudoso Zé Pereira e Que morava no Alto de José Leite. Zé
Pereira era: Técnico, massagista, Roupeiro, tesoureiro, diretor, enfim, era o
dono do Palmeirinha. O palmeirinha era um grande celeiro de “craques” do
futebol vitoriense. Suas regras de conduta deveriam ser observadas
rigorosamente por todos que quisessem fazer parte do elenco. Os iniciantes e
aspirantes a uma vaga no time haviam de chegar mais cedo na casa de Zé Pereira
nos dias de treinamento ou jogos, porque eram eles os responsáveis pelo
transporte do material até o campo de jogo. Os mais conceituados
futebolisticamente falando, podiam ficar esperando na calçada da igreja de São
José na Mangueira. Ali era, na verdade, uma espécie de concentração do grupo.
Ficávamos contando “vantagens” as aventuras; comentário sobre o gol mais bonito
no jogo anterior, o gol mais perdido, banho de cuia, ou drible desconsertante
ou ainda, a paulada dada no adversário. Ou contando piadas. Outros ficavam
batendo bola no pátio em frente da igreja lá ainda não existia a praça hoje
existente. No lado esquerdo da igreja ainda existia uma enorme e frondosa
mangueira e também um chafariz onde a vizinhança se abastecia de água. Havia uma passagem que ligava o chafariz à rua
onde fica a sede do Urso Branco, essa passagem hoje está ocupada por casas.
Zé Pereira além de
tudo que fazia pelo palmeirinha, também era um conselheiro e disciplinador dos
seus atletas. Quando ele ficava sabendo que alguém dentre os seus comandados
não estava se comportando bem em casa, na escola ou na vizinhança ele o chamava
as falas, avisando-o de que não queria pessoas mal-comportadas fazendo parte do
grupo se esse aviso não funcionasse o individuo era afastado do grupo por tempo
indeterminado. Certa vez um dos nossos passando pelo sítio da “velha Maroca”
resolveu pegar umas mangas sem consentimento da proprietária. O vigia do sítio flagrou
o garoto trepado no pé de manga, assim, o vigia cutucou o infeliz com uma vara,
usada para tirar mangas do pé. Quanto mais o menino subia mais vigia o cutucava
até que não tendo mais para onde subir o garoto pulou de uma altura aproximada
de uns quatro metros ralou-se todo e torceu o tornozelo ficando impossibilitado
de jogar. Quando ficou bom e retornou para os treinamentos foi afastado da
equipe por um bom tempo. Zé pereira dizia que o Palmeirinha não podia ter o seu
nome “mal-falado” por indisciplina de ninguém. Fizemos partidas memoráveis Como
aquela que vencemos por oito a sete com o gol da vitória sendo conseguido no
último minuto do segundo tempo. Zezinho do cedro “o pé de foice” era o nosso
goleiro, mas quando o time estava perdendo e os jogadores de linha não
conseguiam empatar a partida, Zezinho pegava a bola botava ela no chão e saía
abrindo espaço por entre os adversários que nem sempre tinham coragem de
disputar a bola com ele, afinal, ele era o pé de foice, na maioria das vezes
dava certo e ele conseguia empatar o jogo. Quantas lembranças boas nos vem à
mente! Quanta gente boa... Algumas delas ainda se encontram neste mundo dos
mortais para nos ajudar a recordar os bons tempos: Gornoi, Jonas, Bira, João de
Marta, Zé Bruta... Outros Já
Foram-se do nosso
convívio aqui na terra como louro, Nevado (o Caveira), Luiz Ninhaninha, Vado,
Zequinha, Guinho, Joãozinho de Maria Belo, Zezinho do Cedro, Seu Bíu de Lima ou
Biu do porco (o nosso grande e maior torcedor, pai de Louro e Vado), Zé Pereira...
E ainda outros que saíram de nossa cidade e de quem não se tem notícias.
De Qualquer
modo, O palmeirinha fez história na nossa juventude, marcou a nossa
personalidade e ainda faz parte do que somos hoje.
Egídio Timóteo Correia (Pinta Gorda)
Ex–jogador do Palmeirinha.
Parabém poeta Egídio é muito bom recordar,porque outra pessoas também vem recordaram conosco ok
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