BAIXINHO MAS “CARNE DE PESCOÇO”
Eu só
tenho um metro e sessenta de altura. Quando eu era criança tomei muito banho em
rios. Contraí esquistossomose, esse verme se alojou no meu fígado, e eu tive
terríveis problemas de saúde. Talvez por isso, eu tenha crescido pouco, meu
irmão mais novo do que eu, era bem mais alto do que eu. Quando servi o Tiro De
Guerra da minha cidade, eu era o último da fila. Na escola, nos campos de
futebol, no trabalho, sempre fui chamado pelos colegas de baixinho.
Meu pai separou-se da minha mãe
quando eu tinha dois anos de idade, e eu fui criado por minha avó. Minha avó me
dizia o seguinte: Nunca insulte ou provoque ninguém, nem mais forte, nem mais
fraco do que você. Mas, se alguém quiser bater em você “se vire e, não chegue
em casa apanhado” porque se isso acontecer, quando você chegar em casa vai
apanhar outra vez. “Eu nunca criei filho
pra ser saco de pancada de ninguém” dizia ela. Eu colocava em prática essa mensagem.
Quando um colega (na escola ou num campo de futebol) mais alto do que eu,
queria se aproveitar da minha baixa estatura, e queria bater em mim, eu
dava-lhe um chute nos testículos ou no “Osso da canela” era o suficiente pra
desmotivar, e mostrar, ao grandão que
não era tão fácil bater em mim. Quando eu já tinha doze anos, comecei a
praticar pugilismo, por ser baixinho os mais altos tinham dificuldade de me
bater na linha da minha cintura, eu me aproveitava disso, fechava às guardas,
deixava o adversário bater, e num descuido dele, procurava pegá-lo de baixo
para cima acertando-lhe a ponta do queixo.
Desde os meus nove anos, que eu
aprendi a ganhar dinheiro para ajudar na minha, e nas despesas e da minha casa.
Trabalhei na roça para ganhar dinheiro. Quando mudei para a cidade, Lavava
carro dos outros, carreguei frete na feira, fui aprendiz de mecânico,
borracheiro... Quando já estava cursando o antigo curso ginasial, trabalhei
como vendedor em lojas de sapatos e lojas de tecido.
Aos meus vinte e três anos fui residir em São Paulo. Tive muitas
dificuldades no começo. No segundo dia que estava em São Paulo, um ladrão entrou no quarto que eu morava e
roubou tudo que eu tinha. Superadas as primeira dificuldades, fiz Senai e
tornei-me profissional, casei e tive três filhos; Dois fizeram faculdade um
continua estudando. Todos três já são adultos e casados. Os meus três filhos
são meu maior orgulho e a minha maior riqueza.
Estou contando tudo isso, para dizer (em
linguagem bem objetiva, que acho uma grande “FRESCURA”, essa ESTÓRIA de BULLYING
que psicólogos, e outros inventores de regras sociais inventaram). Os garotos
da minha época praticamente todos, tinha
apelidos; eram negrinho, negrão, alemão, careca, pé de foice, mocotó, gordo, zé
bruta, Pinta gorda, palito, ximbute... Ninguém
cresce traumatizado porque foi chamado de preto, magro, gordo, baixinho, ou
qualquer outra “besteragem” hoje conhecida como PRECONCEITO ou BULLYING. Acho até, que essas coisas, podem servir, para
tonar o indivíduo mais forte, e ensiná-lo a superar algumas dificuldades.
Portanto, vamos parar com essa “Frescura” de BULLYING e PRECONCEITO, quem tiver
filho ensine pra ele que obstáculos existem para ser superados porque “a vida só é dura pra quem é mole”.
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